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Review ARTPOP para o PapelPop

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AURA:

Um disco de Lady Gaga deve começar com uma música que defina Lady Gaga: bagunça, muita informação, com uma intro de cítara meio faroeste, passando para um pseudo-brostep pesado e respirando novamente em um refrão incrível e grudento, mostrando que por trás de todas as loucuras ainda existe uma boa compositora. Apesar de já ter vazado muito antes do disco ser lançado (e os vocais da demo serem muito melhores), a música já avisa que não vai ser uma tarefa fácil escutar esse CD.

VENUS:

A cada 12 músicas da Gaga, sempre tem uma que precisar preencher a cota de “nova Poker Face”. Não sei se Venus está mais para Judas ou para Bad Romance, porque assim como Aura, cada parte da música é uma aventura nova, e por ser Lady Gaga você não sabe se a letra ridícula é pra ser levada a sério ou é propositalmente estranha. Ela é bem grower, gosto da faixa cada vez que escuto mais.

G.U.Y.:

Quando alguém não está a fim de escutar o disco por completo, mas pede “as melhores” para conferir, G.U.Y. certamente está entre elas. A brincadeira de troca de papeis entre os sexos na música e a pegada dançante lembra muito aquela Gaga do The Fame Monster, que todo mundo, até a sua mãe, gosta. Pessoalmente a parte que eu mais amo é o final, quando ela começa a gritar “NEIN ZEDD” (NÃO ZEDD em alemão) e você fica triste que ela acabou, sendo obrigado a repeti-la.

SEXXX DREAMS:

Apesar do tema da música ser super recorrente nos discos da Gaga (sexo, duh!), ela é bem a definição do porque eu amo tanto ela: Uma sonoridade chupada dos anos 80, com vocais que vão de sussurros dela falando besteirinhas até um grito de “help me here”, dando uma pequena pausa para vomitar/dizer que “Eu não acredito que eu estou te contando essas coisas, mas eu tomei alguns bons drinques e... Ai meu Deus…”. Uma das maiores delícias do CD.

JEWELS & DRUGS:

Como nem tudo é perfeito, esse disco também não teria como ser. Se você não é um rapper, não chame mais de um para cantar na sua música. Aqui, a personagem mais apagada é a própria Gaga. Se você não é muito fã de um hip-hop-trap (eu amo, tá?), essa faixa não vai ser sua favorita. Desculpa irmãos lirous, mas Dark Horse (Katy Perry) pisa nisso aqui.

MANiCURE:

A favorita de muitos fãs, mas uma das que menos me empolga no disco. A pegada “Hey Mickey meets The Runways” e a letra sexualmente bobinha brincando com as palavras lembram aquela Gaga bem pop do seu primeiro disco, The Fame. O álbum é tão lotado de informação que uma faixa OK no meio dele é completamente aceitável.

DO WHAT U WANT:

Menos é mais, até para Lady Gaga. Com um instrumental do Chromatics misturado com pitadas de R&B enquanto Gaga entrega sua Tina Turner interior e R. Kelly exibe seu Michael Jackson em um duelo sobre força e fragilidade. Vi muita gente dizendo que é uma das melhores músicas da narigão desde Bad Romance. Isso já define muito, certo?

ARTPOP:

Momento de respirar, mas sem sair do clima. Aqui é exatamente quando o efeito do doce já bateu, você está morrendo de sede, começa a se sentir mais confortável e frágil a qualquer toque. A música é uma mistura de Goldfrapp com Kylie Minogue, o que certamente é algo muito bom. Meu ARTPOP pode ser qualquer coisa.

SWINE:

Artpop era apenas uma espera na fila para a montanha russa que viria a seguir. Swine é um electro-industrial onde ela compara um homem a um porco. Boatos insinuaram que a música seria para Perez Hilton, apesar de Gaga já ter negado e dizer que escreveu a música pensando nos seus dias obscuros cheios de droga no centro de Nova Iorque. A música não chega a ser barulhenta como Aura, porém é mais irritante e até mais enjoativa, mas está sendo uma das mais elogiadas pelos críticos.

DONATELLA:

Para quem achou que ia sentir saudades do RedOne, se enganou, porque Zedd conseguiu ocupar o posto dele com maestria. Donatella não é uma Just Dance ou uma Poker Face, mas é deliciosa, dançante, divertida e despreocupada, apenas uma alegre homenagem a famosa estilista-lotada-de-botox da marca Versace. Desde que o disco vazou é a que eu mais escutei tocando nas buatis aqui em São Paulo, ou seja, já é club-banger!

FASHION!:

É Let’s Dance (David Bowie), é Holiday (Madonna), mas enquanto ninguém levantar da cadeira e armar um processo contra a nova RAINHA do pop, vai restar todos aceitarem que will.i.am e David Guetta (sim, acredite, foram eles que produziram) largaram a suas produções eletro-pop para fazer esse nu-disco delicioso. Essa com certeza será o famoso “guiltypleasure” do disco, “é filler”, “é a que menos gosto”, “é uma cópia mal feita” mas todo mundo vai escutar enquanto estiver lavando louça.

MARY JANE HOLLAND:

A favorita da Rihanna e uma das minhas. Ela é pesada, obscura e ousada, assim como a Gaga do Born This Way. Tem puta, tem álcool, tem drogas e tem alma rebelde quando Gaga deixa claro que sabe que seus pais a consideram uma bagunça. Mas ela é rica pra caralho e não esta nem aí. Tá querida? Obs: “Mary Jane Holland” é um “apelido” para maconha.

DOPE:

Mais um momento para respirar, depois de tanta informação. Mas diferente de Artpop, Dope quebra totalmente o clima do disco. É uma música muito julgada por ser totalmente crua, só com vocais e piano, sendo uma restauração da apresentada no iTunes Festival, I Wanna Be With U. Escutando a faixa fora da tracklist, é Lady Gaga dando o melhor do seu Elton John interior.

GYPSY:

A irmã mais nova de The Edge Of Glory ou a prima que mora na Espanha ou mesmo o maior hino do disco. É uma faixa sincera sobre as dificuldades de amar sendo uma artista. Com um instrumental gay-dançante cheio de violões que te dá uma liberdade e uma vontade de correr que eu não sentia desde Lua de Cristal da Xuxa. Se essa música não for single, decretem o fim de Lady Gaga.

APPLAUSE:

Ufa, depois de tantos altos e baixos, tanta informação, é um alívio o disco terminar com uma música, até então, já conhecida (porque a ultima coisa que precisávamos era de mais novidades). Applause soa fraca perto das outras 14 faixas, mas me parece ter sido o 1st single correto.

ARTPOP é a celebração de Gaga, seus fãs e da música. Uma grande mistura de sonoridades pop com pitadas de lembranças dos trabalhos passados da cantora. É um disco que trás o lado comercial do pop sem perder toda a megalomania da personagem de Stefani Germanotta, ou seja, um disco que só Lady Gaga poderia fazer. Posso dizer? Aplaudir é pouco para o que esse disco merece, então, #BUYARTPOPONITUNES!!